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Revestimento fotovoltaico colorido para telhados chega em agosto no Brasil

Nova linha com 4 mil opções de cores está passando por testes na Europa, enquanto vidro solar para fachadas deve ser homologado pelo Inmetro nessa semana, com eficiência podendo chegar até o dobro dos painéis tradicionais.

Um telhado que ainda gera energia renovável através do sol e que passa despercebido ao olhar de qualquer um. Esse é um breve resumo da nova linha de produto desenvolvido pela multinacional SwissInso e que chega ao mercado brasileiro em agosto com uma variedade de 4 mil cores para o revestimento fotovoltaico completo ou parcial destinado ao setor residencial e comercial, semelhante ao que a Tesla lançou no ano passado. A informação foi passada pelo representante da empresa para América do Sul, Central e Caribe, Rogério Duarte, que falou com exclusividade à Agência CanalEnergia sobre os novos negócios da companhia que chegam ao país nesse segundo semestre.

O executivo contou que a solução foi concebida como uma alternativa ao conceito técnico do Kromatix, vidro fotovoltaico exclusiva da empresa para aplicação de revestimento e acabamento em edificações, e cuja tecnologia foi obtida através de um estudo envolvendo a borboleta da família morphocomo inspiração, que inclusive estampa a logo da tecnologia. Essa espécie apresenta um brilhante azul metálico, por vezes verde, porém as cores não são resultado de pigmentação, mas provocadas pela refração da luz em minúsculas escamas transparentes inseridas em suas asas, as quais refletem repetidamente a luz incidente em várias camadas sucessivas, criando efeitos de cor observados.

“Quando se olha a coloração da asa dessa borboleta com incidência solar, ela transmite uma tonalidade de cor, porém é uma ilusão de ótica: sem aqueles raios não há nenhuma cor,” conta Duarte, afirmando que a diferença para a nova linha é que a cor será a mesma em qualquer angulação, sem problema de esgotamento ou laminação com o tempo. O novo produto, batizado como Kromiris, está passando por testes na Europa e deve estar disponível ao mercado brasileiro em aproximadamente 50 dias.

Já o vidro solar colorido importado de Dubai que promete substituir qualquer tipo de fachada, gerando ainda eletricidade, deve ser homologado pelo Inmetro nessa semana. Ele explicou que pelo fato da companhia ter um leque amplo de soluções para o segmento de geração fotovoltaica na construção civil – em qualquer tamanho e em diversas cores – a primeira certificação do Kromatix foi aconselhada a ser feita no Brasil, conforme cinco normatizações do Laboratório da Universidade de São Paulo (USP), o único acreditado para esse tipo de tecnologia no país.

Solução integra conceitos de construção à energia solar, com acabamento estético em diversas cores.

Cores e eficiência

Embora sejam diferentes, a premissa das duas soluções é a mesma: integrar uma construção ao conceito de energia solar, utilizando um material que além de revestir bem esteticamente, produz energia limpa e renovável, e que pode ser armazenada em baterias quando não houver sol, ou repassadas a rede quando gerada em excesso, rendendo créditos na conta de luz do ponto consumidor em questão.

Duarte conta que foram necessários mais de oito anos de estudo para o desenvolvimento da tecnologia, que ele resume em um vidro laminado, temperado, que obtém sua coloração através de um processo de nanopartículas depositadas atomicamente na superfície do vidro, que atinge escalas de cor. “Não estou falando de tinta, nem de película, filme, ou de pigmentação. É o próprio vidro que se transforma na colocação que a gente deseja”, diz.

O executivo explica que é no processo de laminação que ocorre o método de captação, através de células que vão no meio do material e que se pode trabalhar com qualquer coloração, porém há seis cores em escalas industriais – cinza, verde, azul, terracota, bronze e ouro – que não deixam a desejar em eficiência em relação a célula fotovoltaica, com uma perda mínima de 1% em relação aos painéis tradicionais, proporcionando assim o melhor retorno de investimento para o cliente.

As outras colorações acabam perdendo mais em eficiência, como por exemplo o branco, vermelho e laranja. No entanto a empresa também trabalha com a entrega de vidros comuns e nessas cores mais gritantes, visando atender a diferentes conceitos que um arquiteto pode querer utilizar, por exemplo. “Às vezes entregamos o vidro também sem a célula fotovoltaica, para completar um conceito de design do profissional”, lembra.

Angulação do vidro a 90 graus pode dobrar eficiência de geração devido a radiação difusa do sol.

Outro importante fator destacado é quanto a angulação do revestimento, que acaba influenciando na eficiência da energia captada. “Fizemos testes em laboratório comparando a eficiência de nossos vidros com os painéis tradicionais e constatamos que a 60 graus o Kromatix gera 30% mais energia que o tradicional, enquanto que a 90 graus ele dobra, gerando 50% a mais de energia”, resultado explicado, segundo ele, pela melhor performance na chamada radiação difusa, nos momentos em que o sol não bate diretamente nas placas, o que pode ser comprovado por software. “Durante o projeto já dimensionamos quanto que irá ser gerado na qualidade daquela edificação”, garante o empresário.

Perguntado sobre a competitividade dos produtos dentro do mercado no Brasil, além de ser uma novidade para o segmento, Duarte salientou que a precificação é feita a partir do custo do material que seria utilizado em determinada construção, mostrando potencial de atingir o público pelo plus da geração elétrica e consequentemente a conta mensal de luz muito mais baixa ou até nula, dependendo de cada caso. “Se o Kromatix custa R$ 2 mil o metro instalado e um outro vidro custa mil, soma-se a isso também toda diferença que se terá com a geração de energia, o que será pago num certo tempo”, avalia.

A garantia do material é de 30 anos na potência linear, cinco a mais do que nos painéis tradicionais por ser um vidro frontal ou traseiro. Já o retorno do investimento varia conforme as regiões e tarifas. Em São Paulo a estimativa é de seis a sete anos, enquanto que em Minas Gerais cai para quatro ou cinco anos de payback, assim como Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

Para implantação do Kromatix, o trabalho acontece em três frentes, envolvendo quatro profissionais: a empresa, oferecendo o produto; o arquiteto, que irá especificar o material para obra; que depois contratará um fachadista ou instalador, estes tendo que possuir conhecimentos sobre o produto para instalá-lo corretamente. Por fim, a figura do engenheiro elétrico em energia solar, que irá desenvolver o projeto, solicitando a liberação de acesso junto a concessionária e trabalhando no chamado net metering, que é a flutuação entre a energia gerada e o excedente que deve ir para a rede e gerar créditos a esse autoprodutor de energia.

De acordo com Rogério Duarte, a estrutura de montagem é exatamente igual a de um painel fotovoltaico, com a companhia entregando o produto com moldura, já com o backsheet na parte traseira e o polímero igual dos painéis tradicionais, e também sem moldura, com entrega de um vidro frontal Kromatix e um vidro traseiro preto, cerâmico e com bom acabamento, que encaixa na fachada igual seria com qualquer outro tipo de material.

Escola Internacional na Dinamarca é uma das aplicações icônicas do Kromatix da SwissInso.

Projetos e expansões

O primeiro projeto no Brasil será concluído em agosto, em frente ao Aeroporto de Vitória (ES), numa capacidade total de 12 KWp. O outro, num prédio residencial em Curitiba (PR), deve ser finalizado em setembro e terá a potência de 60 KWp. Mas é em São Paulo que está bem encaminhada a negociação para o maior projeto até então da companhia, de 420 KWp em aproximadamente 3 mil m² de fachada. “Será num ícone da cidade de São Paulo”, ressalta o executivo, revelando também que a empresa terá um escritório com showroom a ser inaugurado nesse segundo semestre na capital paulista.

A SwissInso possui cerca de 70 mil m² de instalações exclusivas no mundo todo para aplicação de revestimento e acabamento em edificações com geração de energia solar fotovoltaica, fora a programação de projetos a serem instalados no Canadá, Noruega, Amsterdam, Dinamarca, Suíça e Dubai. A Emirates Insolaire, uma joint-venture estabelecida em 2013 partir da companhia e a Dubai Investment, fabrica o produto nos Emirados Árabes Unidos, sendo também responsável por seu licenciamento no país e pela distribuição dos painéis de vidros solares da empresa Almaden na América Latina, estes sem cor.

A estimativa da companhia é atingir um volume de vendas de 40 mil m² no Brasil, até 2022, o que representa um faturamento de US$ 21 milhões. “O Brasil pode se tornar um dos principais mercados para nosso produto por ser um território com grandes metrópoles e poucos espaços para implantação de usinas em solo, além de haver grande interesse do segmento da construção civil em entregar edificações com elevadas pontuações para a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design)”, resumiu Duarte.

Atualmente o produto também é fabricado na Alemanha, e as obras para construção de uma nova fábrica na Suíça já foram iniciadas. Quanto a outras expansões, o empresário revela que já há tratativas para fazer o mesmo no Brasil. “Nossa ideia também é fazer a montagem aqui e entrar como fabricante nacional, até mesmo para conseguir o financiamento Finame, dentro da linha do BNDES”, assinalou, dizendo não trabalhar com parceiros exclusivos, mas que há ultimamente uma frutífera relação com a empresa brasileira Norr Energia, que esteve recentemente com a SwissInso em um processo de capacitação em Dubai.

Fonte: Canal Energia