• (41) 3012-5900
    contato@smartenergia.com.br

CMSE agiu para evitar racionamento, diz Gesel

A decisão tomada no dia 3 deste mês pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), definindo limites mínimos de volumes a serem perseguidos para os reservatórios dos quatro subsistemas no horizonte de dois anos e balizando assim os acionamentos de termelétricas pelo ONS, foi a única alternativa a “alguma medida de economia de energia, mesmo que forçada”. Esta é a avaliação feita pelo coordenador de Geração e Mercados do Gesel/UFRJ, Roberto Brandão.

O CMSE definiu que ao final do período úmido de 2022 (30 de novembro), os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO) deverão estar com um volume mínimo de 20% da capacidade, os do Sul, com 30%, os do Nordeste, com 23,5% e os do Norte, com 20,8%.

A partir dessas metas, o ONS irá dosar os despachos por fontes, mesmo que fora da ordem de mérito, de modo a cumprir os objetivos finais, algo parecido com o que o Banco Central (BC) faz com a taxa de juros básica (Selic) para alcançar a meta de inflação estabelecida para cada ano.

“A preocupação é porque os modelos computacionais fazem uma conta puramente econômica”, ressaltou Brandão, lembrando que desde 2001, quando aconteceu no país o chamado “apagão”, com racionamento de 20% do consumo de energia elétrica, se busca algum tipo de ajuste para evitar sua repetição.

Naquele ano, foi definida uma “curva de aversão ao risco” que fixava em 10% o nível mínimo dos reservatórios, garantido pelo despacho das térmicas.

O sistema foi testado pela primeira vez em 2008, exigindo o despacho até das térmicas mais caras. “Foi uma loucura”, ressaltou Brandão.

Segundo ele, buscou-se então um modelo alternativo, chamado Procedimentos Operativos de Curto Prazo (POCPs) que era semelhante ao adotado agora, com metas bianuais, permitindo ao ONS despachar térmicas mesmo que o modelo não estivesse indicando.

O coordenador do Gesel lembra que na vigência dos POCPs, os despachos de térmicas feitos pelo operador não serviam para formar preços, sendo as diferenças pagas pelos consumidores por meio de encargos do sistema. “Não tenho certeza se agora será também assim, mas acredito que sim”, explicou.

Brandão ressalta ainda que os procedimentos adotados no passado não evitaram que em outubro de 2012, após um período seco extremamente rigoroso e inesperado, já que o período úmido havia sido bom, a adoção de uma medida de emergência, autorizando o ONS a despachar térmicas fora da ordem de mérito mesmo no período úmido, algo que foi feito também em outubro passado na tentativa de preservar os reservatórios do Sul e do SE/CO.

Na última quarta-feira (17/02), a situação dos reservatórios mostrava os do SE/CO com 26,68% da capacidade, os do Sul, com 65,36%, Nordeste com 54,17% e o Norte com 34,09%.

A situação mais crítica era no rio Paranaíba, com os estratégicos reservatórios de Emborcação e Nova Ponte com, respectivamente, 14,15% e 13,91% da capacidade. A carga do dia foi de 72.104 MW médios, com as térmicas convencionais gerando 11.391 MW médios, equivalentes a 16,25% da carga.

Fonte: Energia Hoje