• (41) 3012-5900
    contato@smartenergia.com.br

Geradores querem despacho por oferta de preço para hídricas

Reforçando a pressão por mudança no atual modelo de despacho do setor elétrico, o presidente da ESBR (concessionária da UHE Jirau), Édson Luiz da Silva, e o vice-presidente de Geração da CTG Brasil, Evandro Vasconcelos, defendem a adoção de despacho por oferta de preço como alternativa moderna para superar as distorção do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE), criado na década de 1990 e que, segundo ambos, já não representa a realidade do setor elétrico brasileiro. A proposta dos executivos, que participaram de webinar da MegaWhat, está em debate no âmbito do projeto de modernização do setor e não excluiria a centralização do despacho.

Silva ressaltou que quando o MRE foi criado, o setor público, federal e estadual, era dono de todas as usinas, tornando simples o processo de compensações financeiras. “Você praticamente tirava de um lado para outro”, ressaltou, acrescentando que com a entrada de concessionárias privadas o aperfeiçoamento do modelo tornou-se necessário.

“Hoje tem uma situação parasitária na qual alguns, sistematicamente, carregam o fardo nas costas”, acusou, chamando as hidrelétricas de “super-heróis” que, humildemente, aceitam carregar esses fardos. O presidente da ESBR enfatizou que “é preciso ter coragem” para adotar o novo modelo de despacho, acrescentando que no modelo de oferta por preço “o operador terá sempre capacidade de intervir”, mas cada gerador terá que fazer a sua gestão de risco.

Vasconcelos disse que concordava inteiramente dom Silva, mas ponderou que o despacho por oferta de preço deve ser precedido por medidas de curto prazo que retirem do MRE o “excesso de entulhos”.  O executivo da CTG Brasil estava referindo-se às questões extra-risco hidrológico que geraram o passivo judicializado do GSF, de quase R$ 8 bilhões, e cuja solução, expressa no projeto 3.975, segue em longa tramitação no Senado. No modelo atual, segundo a avaliação de Vasconcelos, o gerador hidrelétrico “entra só com o ônus, nunca com o bônus”.

Questionados pelo ex-diretor geral do ONS, Eduardo Barata, sobre o preparo dos agentes para a adoção do despacho por oferta de preço, ambos responderam que haverá um processo de adaptação. “Quem não estiver [preparado], aprende”, disse Silva. Vasconcelos disse que é preciso “sair do marasmo e dar o primeiro passo”, reconhecendo que há complicações relevantes para que seja feita a mudança, como a existência de usinas em cascata de concessionários diferentes”.

Fonte: Energia Hoje