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Normalização total do despacho térmico, só em novembro, diz Petrobras

A falta de gás para movimentar parte das usinas termelétricas a partir do dia 17 deste mês decorreu do “abrupto incremento do despacho termelétrico nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste” por parte do ONS, disse a Petrobras ao EnergiaHoje.

De acordo com a estatal, medidas operativas tomadas por ela, fornecedora única do combustível às usinas atingidas, permitiram normalizar o fornecimento a partir do último dia 22, mas o problema ressurgiu no Nordeste a partir do final da semana passada e só deverá ser totalmente resolvido “ao longo do mês de novembro”.

Contatado, o ONS não quis comentar as informações da empresa. Mas nesta quinta-feira (29/10), o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, afirmou que a situação já estava “praticamente regularizada”.

Início do impasse

O problema surgiu após o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) ter autorizado, no dia 16/10, o ONS a despachar termelétricas fora da ordem de mérito para poupar reservatórios de hidrelétricas, especialmente da região Sul, que vinham perdendo volume de forma acelerada em decorrência da hidrologia desfavorável.

Em entrevista à Globonews, o diretor da Aneel Efrain Cruz disse que as térmicas despachadas “vinham declarando disponibilidade e recebendo do consumidor” por essa prontidão e acrescentou que elas poderão ser obrigadas a devolver o que receberam não estando efetivamente disponíveis, independentemente de outras possíveis punições. Segundo a emissora, as usinas foram notificadas.

De acordo com a Petrobras, entre outras medidas para atender os despachos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste ela reposicionou um navio regaseificador do terminal de Pecém, no Ceará, para a Baía de Guanabara, adquiriu cargas adicionais de GNL e elevou a oferta de gás das plataformas em operação. O fornecimento teria sido normalizado no dia 22/10.

O problema recrudesceu, segundo a Petrobras, quando “o ONS incrementou o despacho de termelétricas da região Nordeste”. A estatal teria a partir daí deixado de atender a duas térmicas nordestinas e atendido parcialmente uma terceira. A normalização, segundo a Petrobras, só virá em novembro com o retorno de plataformas que estão paradas para manutenção e o aumento da importação de gás boliviano. “Vale lembrar que a logística do fornecimento de grande volume adicional de gás natural envolve um tempo mínimo para viabilizar o atendimento”, ressaltou a petroleira.

Os nomes das usinas que tiveram problema de fornecimento não foram revelados. Procurada, a Aneel disse que não iria se pronunciar.

O ONS também evitou polemizar e disse que os despachos de térmicas fora da ordem de mérito buscam poupar também os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste e prosseguirão até a normalização da hidrologia, ressaltando que o período seco só termina no final de novembro.

Os dados do ONS mostram que a geração térmica convencional saltou de 8.747 MW médios no dia 01º/10 para 15.692 MW médios no dia 28/10 deste mês. No mesmo período, a geração hídrica nacional (exclui Itaipu) desceu de 52.813 MW médios para 38.631 MW médios.

Os reservatórios da região Sul estavam com 40,15% da capacidade no dia 1º, com 29,63% no dia 17 e com 24,94% no dia 28. De acordo com o ONS, o resultado agora do final do mês só não é pior graças à decisão de acionamento das térmicas fora da ordem de mérito.

Na coletiva, hoje, Ciocchi ressaltou que a operação fora da ordem de mérito tem caráter preventivo.

No Sudeste/Centro-Oeste, o armazenamento nos mesmos dias acima era de 32,59%, 27,01% e 24,27%. No dia 28 de outubro de 2019 os reservatórios do Sul estavam com 39,71% de armazenamento e os do Sudeste/Centro-Oeste, com 23,15%.

Os dados do Informativo Preliminar Diário da Operação (IPDO) do ONS não especificam quais as causas para maior ou menor geração por parte das termelétricas, mas listam as principais diferenças entre a capacidade instalada e a disponibilidade dessas usinas.

Os motivos dessas diferenças são “manutenção” e “restrição operativa”, estando nesta última classificação incluídos todos os motivos que não sejam paradas para manutenção, entre os quais pode estar a falta de combustível.

No dia 17/10 o IPDO relaciona 34 usinas com diferença entre a capacidade e a disponibilidade, exclusivamente por restrição operativa. A capacidade era de 9.395 MW e a disponibilidade, de 4.450 MW, uma diferença de 4.945 MW. No dia 28/10 eram 36 usinas na mesma condição, com 8.747 MW de capacidade e 4.809 MW de disponibilidade, diferença de 3.938 MW.

Fonte: Energia Hoje