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Para poupar Sul, térmicas serão acionadas fora da ordem de mérito

Prestes a acabar o período seco, as condições de armazenamento dos reservatórios das hidrelétricas já está na pauta do governo, que já vê situação desfavorável. O Sul é o submercado que mais preocupa, e a geração fora da ordem de mérito já está no radar. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) realizou na sexta-feira (16/10) uma reunião extraordinária para avaliar as condições de suprimento – as reuniões são mensais.

Em comunicado divulgado pelo MME, relato apresentado pelo ONS indica que os reservatórios equivalentes “permanecem, em sua maioria, em valores próximos ou inferiores aos observados em 2019, destacadamente na região Sul”.

Em paralelo, as previsões indicam chuvas irregulares em bacias do Sudeste “sem o imediato rebatimento em aumento expressivo das vazões associadas, que deverão permanecer em condições desfavoráveis” – traduzindo: as chuvas não vão significar aumento das afluências dos rios e, consequentemente, mais água nos reservatórios.

“Além disso, as temperaturas devem permanecer altas, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste, o que, aliado à continuidade do retorno gradual das atividades econômicas e à flexibilização das restrições de isolamento social, tem contribuído para a carga elevada verificada no país”, acrescenta o MME, no comunicado.

O ONS poderá despachar térmicas fora da ordem de mérito e importação de energia da Argentina sem substituição, “preferencialmente alocável no subsistema Sul”, para reduzir a geração hídrica quando os níveis dos reservatórios do submercado ficarem abaixo de 30%.

O despacho termelétrico entrou no radar porque a expectativa de armazenamento no fim de outubro para o Sul é de 19,8% – inferior ao volume mínimo considerável para operação, cujo percentual aprovado pelo CMSE para se considerar a geração fora da ordem de mérito é de 30%.

A geração termelétrica é centralizada pelo ONS e obedece a uma ordem de mérito econômico, ou seja, quando o operador precisa utilizar-se de térmicas por razões energéticas, o critério utilizado é o custo do combustível – o custo variável unitário (CVU). Em tese, usinas a biomassa são as mais prováveis, enquanto usinas a óleo diesel e óleo combustível ficam no fim da fila.

Quando se determina a geração fora da ordem de mérito (ou GFOM, como preferem os técnicos), o ONS deixa de considerar o critério do combustível, mas sim a relevância do empreendimento para o sistema – ou seja, usinas com CVU mais elevado, mas que podem “dar conta do recado” passam na frente das demais.

Medidas para o SE/CO

O Sudeste/Centro-Oeste, maior submercado em carga, também terá medidas preventivas. Segundo o CMSE, há um descasamento entre a representação nos modelos computacionais e a efetiva adoção das regras operativas para as hidrelétricas Furnas e Mascarenhas de Moraes, em vigor desde setembro.

No início do mês, o MME anunciou que a operação dos reservatórios das duas usinas terá estratégia a fim de preservar cerca de dois metros no nível de armazenamento.

Neste caso, a proposta aprovada pelo CMSE é a de geração termelétrica razões energéticas, “para recomposição das perdas energéticas não capturadas pelos modelos e advindas das restrições impostas pela operação especial associada aos usos múltiplos da água” – ou seja, para substituir a menor produção de eletricidade das usinas.

“Dessa maneira, o despacho fora da ordem de mérito contribuirá para a preservação dos estoques armazenados nas cabeceiras dos rios Grande e Paranaíba e também para a manutenção da navegabilidade da Hidrovia Tietê-Paraná”, completou o CMSE.

Reflexos no PLD

O Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) para a quarta semana operativa de outubro, iniciada no último sábado, teve nova alta, sendo de 12% para os submercados SE/CO, Sul e Norte, e de 28% para o Nordeste. Esse quadro vem se mantendo há sete semanas – todos os submercados registram alta por sete semanas seguidas.

Por causa do descolamento do Nordeste, SE/CO, Sul e Norte têm alta por oito semanas seguidas.

Os submercados SE/CO, Sul e Norte acumulam alta de 372,33% desde a primeira semana operativa de setembro, enquanto o Nordeste, no mesmo período, acumula elevação de 322,15%.

O Encargo de Serviços do Sistema (ESS) também refletiu o quadro: na primeira semana de outubro, o ESS para este mês tinha previsão de R$ 15,2 milhões – saltando para olímpicos R$ 136,8 milhões na previsão mais recente do PLD – diferença de aproximadamente 800%.

Além disso, o GSF, indicador do risco hidrológico estimado para o mês é de 67,8%.

Fonte: Energia Hoje