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Período seco chega ao fim em situação crítica

Mesmo com a autorização dada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), em meados de outubro, para que o ONS despachasse térmicas fora da ordem de mérito para evitar o excessivo deplecionamento dos reservatórios das regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO), eles chegam ao final do período seco, encerrado oficialmente nesta segunda-feira, na pior situação dos últimos três anos.

O resultado é o PLD no teto regulatório do ano, R$ 559,75, em todos os submercados na primeira semana de dezembro (28/11 a 04/12), tendo aumentado 185% no Nordeste em relação à semana anterior. Nas três outras regiões o PLD já batera no teto uma semana antes, pressionando o mercado de curto prazo. Na primeira semana de dezembro do ano passado o PLD estava em R$ 234,99%.

Segundo estimativa da CCEE, a afluência aos reservatórios das hidrelétricas em novembro fechou em 57% da média de longo termo (MLT). E a expectativa para dezembro é pior, de 54% da MLT.

A série histórica do ONS mostra que no domingo, dia 29, o nível dos reservatórios estava em 18,11% no SE/CO, em 18,63% no Sul, 52,32% no Nordeste e 29,04% no Norte. Na mesma data de 2019, os números eram 18,80% no SE/CO, 36,01% no Sul, 33,71% no Nordeste e 21,48% no Norte. E em 29 de novembro de 2018 os percentuais eram, respectivamente, de 23,89%, 70,03%, 29,42% e 22,81%.

Quando se observa os reservatórios mais importantes do SE/CO, submercado mais importante do país em termos de armazenamento e de geração hídrica, constata-se que Furnas encerrou o período seco na casa dos 17%, um pouco melhor do que no ano passado, quando estava na casa dos 13%.

Mas os outros dois mais significativos, Emborcação e Nova Ponte, estavam com 9,95% e 14,96% no dia 29 de novembro, contra 15,86% e 18,53% no mesmo dia de 2019. Em 2018 o quadro era melhor nos três reservatórios, todos com mais de 18% de armazenamento.

No Sul, onde os reservatórios são menores, a seca severa que vem desde o primeiro semestre do ano reduziu a armazenagem do reservatório de Barra Grande, no rio Uruguai, a 3,87%. No da UHE Foz do Areia (Governador Bento Munhoz da Rocha) o volume estava em 3,77%, ou seja, operando a fio d’água.

No Nordeste, o esforço de preservação dos reservatórios que foi feito, ajudado pelas chuvas recentes no Médio São Francisco, garantiram um armazenamento de 51,27% em Sobradinho, contra 26,35% em 29/11 do ano passado e 23,91% no mesmo dia de 2018. No Norte, onde o regime das chuvas costuma ser mais previsível, o armazenamento foi favorecido pelo nível de 24,01% em Serra da Mesa que no final de novembro do ano passado estava em 11,37%.

Embora o período seco oficial seja de 1º de maio a 30 de novembro, os técnicos do setor elétrico esperam o aumento gradativo das chuvas, e das afluências, a partir de outubro. Não foi o que aconteceu este ano, pelo menos onde é preciso chover para encher os reservatórios, frustrando o ONS que no começo de novembro chegou a comemorar um ensaio de afluências melhores.

Tudo isso está acontecendo apesar de a geração térmica convencional estar rodando na casa dos 20% da carga (20,32%, ou 13.326 MWmed na sexta-feira, dia 27/11). Confirmada a previsão de afluências para dezembro e com a revogação da medida que estabeleceu bandeira verde compulsória nas contas de luz até 31/12, por causa da pandemia, o setor entrará 2021 fortemente pressionado, na geração e nos preços. Tudo isso em um ano no qual a Covid-19 impôs uma demanda mais fraca.

Fonte: Energia Hoje