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Proposta modifica o setor elétrico e prevê portabilidade na conta de luz

O Projeto de Lei 414/21 muda as regras de funcionamento do setor elétrico e amplia o acesso ao mercado livre de energia elétrica para todos os consumidores brasileiros, inclusive os de baixa tensão (residenciais). Já aprovado no Senado, o texto tramita na Câmara dos Deputados.

Com a medida, os consumidores atendidos pelas distribuidoras poderão contratar energia de outros fornecedores, através de contratos bilaterais. Hoje o mercado livre é restrito aos grandes consumidores de energia elétrica, como as indústrias. Os demais compõem o chamado mercado cativo.

Pelo projeto, a migração entre os mercados cativo e livre se dará em até 42 meses após a entrada em vigor da lei. Os consumidores com carga inferior a 500 quinhentos quilowatts (kW) comprarão energia de agentes varejistas, que os representarão junto à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), entidade que centraliza os contratos de compra e venda de energia no País.

Os agentes varejistas oferecerão a seus clientes pacotes, à semelhança do que acontece na telefonia celular. O projeto permite a oferta de tarifas diferenciadas por horário e serviço pré-pago. A distribuidora se encarregará da distribuição da energia contratada e receberá um valor pelo serviço, cobrado na conta de luz.

O Poder Executivo deverá apresentar um plano para a mudança, com orientações para os consumidores, que passarão a se chamar denominados consumidores varejistas.

Ainda pelo texto, qualquer pessoa jurídica que cumpra requisitos a serem definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) poderá atuar como agente varejista.

A proposta em análise na Câmara é do ex-senador Cássio Cunha Lima (PB). O texto foi aprovado na forma de um substitutivo elaborado pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO), e altera nove leis do setor elétrico. Rogério afirmou que a liberalização do mercado aumentará a concorrência no setor, contribuindo para a redução da tarifa para o consumidor.

Lastro x energia
Para viabilizar a migração entre mercados cativo e livre, a proposta determina a separação entre lastro e energia no setor. As usinas de geração de energia elétrica, independentemente da fonte (hidráulica, eólica e demais), disponibilizarão para o sistema elétrico determinada potência (o lastro, medido em megawatts – MW), pelo qual serão remuneradas por um encargo cobrado na conta de luz de todos os consumidores, na proporção da potência disponibilizada.

Adicionalmente, a energia produzida pelas usinas será comercializada separadamente com os consumidores, na forma de megawatts-hora (MWh). Assim, as usinas terão duas fontes de receita: o encargo de lastro e os contratos de energia elétrica vendidos aos clientes por meio dos agentes varejistas.

A separação entre lastro e energia permite que esta seja comercializada como um produto sujeito a regras de mercado, como os planos de internet ou de telefonia celular.

Outros pontos
A proposta do Senado prevê outras medidas. Entre eles:

  • Consolida a regulamentação dos autoprodutores (consumidor que recebe outorga do Estado para produzir energia por sua conta e risco), com critérios de apuração de encargos;
  • Cria o supridor de última instância, figura que vai garantir o fornecimento de energia ao consumidor caso a empresa com a qual ele tenha contrato fique impedida, por qualquer motivo, de atendê-lo;
  • Reduz a obrigação de o consumidor contratar energia para atender 100% da sua carga;
  • Possibilita o corte de consumidores varejistas com inadimplência em contratos bilaterais de fornecimento; e
  • Autoriza a realização de leilões para compra de lastro para aumentar a confiabilidade do sistema elétrico. O governo estabelecerá as condições da contratação.

A proposta cria ainda um encargo tarifário para as distribuidoras que perderem clientes para o mercado livre e ficarem com excesso de energia contratada das usinas de geração no passado. O encargo será cobrado de todos os consumidores, na proporção do consumo mensal. Caberá à Aneel definir o valor da tarifa.

Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado por uma comissão da Câmara.

Fonte: Agência Câmara de Notícias